13 November 2006

SUBLIME

Para quem ainda não conhece (imperdoável...)



Site Oficial

30 October 2006

Jornalismo do cidadão

O conceito de jornalismo, como muitos outros que foram emergindo ao longo da história, sofreu mudanças significativas até assumir a designação que actualmente lhe atribuímos. Essas mesma mudanças foram tanto fruto da evolução histórica, quanto do fervilhar tecnológico, que culmina com o aparecimento da World Wide Web e a sua massiva disseminação nos dias de hoje.

Frequentemente se discutem as alterações que a crescente institucionalização da Web como meio de comunicação por excelência podem gerar a longo prazo e os efeitos a nível psicossociológico que a sua utilização pode vir a originar. Teme-se uma absorção da sociedade real pelo computador, uma crescente virtualização da vida quotidiana. De facto, a Internet proporciona uma gama tão vasta de ferramentas e informação, que facilmente as diferenças se esbatem e as barreiras entre pessoas e instituições se tornam mais finas, mais ténues. A Internet veio democratizar o meio informativo, permitindo aos cidadãos não apenas receber qualquer tipo de informação, a qualquer hora, em qualquer lugar, como também colocar informação online e divulgar os seus próprios conteúdos, a um custo tão baixo que se poderia considerar irrisório, se atendermos aos seus efeitos e proporções.

É neste contexto que surgem os conceitos de “cidadão jornalista” e “jornalismo do cidadão”.

Por “cidadão jornalista” entende-se todo aquele que, não possuindo uma licenciatura em jornalismo ou qualquer experiência editorial, publica conteúdos informativos periodicamente, sem estar associado ou colaborar com nenhum media institucionalizado em particular. O “jornalismo do cidadão” está por isso intrínsecamente ligado à Internet, que permite a qualquer internauta publicar conteúdos a um custo muito reduzido e actualizá-los permanetemente. Estes neologismos brotaram sobretudo da febre dos Weblogs, que, à medida que foram ganhando terreno, se tornaram autênticos “journals”, um misto de diário, espaço de opinião e mesmo noticiário, arrastando consigo um leque cada vez mais vasto de leitores que, por sua vez, originaram novas páginas, contribuindo assim para uma autêntica corrente onde não há hierarquias, mas sim um mar nivelado de páginas e páginas onde cada um é um pouco jornalista, muitos exercendo mesmo a função com excelência sem nunca se terem especializado nela.
Quando acontecimentos que viriam a ser noticiados pelos mass media, como foi o caso do escândalo Mónica Lewinsky, são lançados por bloggers ou internautas – neste caso, o Drudgereport, da autoria Matt Drudge – já sob a forma de notícia, é necessário reflectir. Até porque se uma notícia lançada por um Weblog chega a ser difundida pelos media tradicionais, é natural que o público entenda estas publicações como notícia e lhes atribua uma validade que nem sempre existe. E aqui reside a grande questão: até que ponto o “jornalismo do cidadão” deve ser considerado jornalismo?
Partindo desta questão, o principal problema do jornalismo exercido pelos cidadãos reside na questão da credibilidade. Até que ponto se podem considerar fiáveis os conteúdos publicados na Web? Tendo em conta o facto de que, na maior parte dos casos, o autor nunca chegar a ser devidamente identificado, é sempre difícil avaliar até que ponto a informação divulgada pode ser considerada verosímil. Esta questão aplica-se tanto aos internautas como aos media tradicionais que neles encontram um autêntico mar de fontes cuja credibilidade é imperativo avaliar – embora tradicionalmente os media institucionalizados tendam a menosprezar estas emergentes formas de jornalismo, se assim consideradas. Numa altura em que a informação escorre sobretudo pelos canais da Internet, é muito tentador para o jornalista divulgar conteúdos que encontra em muitos dos inúmeros weblogs e que são passíveis de ser notícia. Especialmente quando o jornalismo nos dias de hoje funciona ao ritmo do segundo e a actualidade atinge um carácter imediatista extrapolado ao exagero. Apesar de ser um senão, esse mesmo fervilhar informativo pode facilitar o trabalho ao jornalista, uma vez que, mesmo que divulgue uma informação cuja credibilidade é dúbia, o tempo de duração da notícia será tão fugaz que não haverá tempo para verificá-la. No entanto, se todos os jornalistas seguissem esta lógica, não só o jornalismo estaria perdido na sua essência, como a notícia divulgada sem verificação se poderia voltar contra os seus próprios autores: não é à toa que Ciro Marcondes Filho e Lucien Stez nos falam em “Sociedade Frankenstein” e em “efeito boomerang”, lembrando-nos que, a qualquer altura, a mensagem se pode voltar contra o seu criador. Mas mesmo pondo de parte a responsabilidade do jornalista, o facto de muita gente entender os Weblogs como fonte de notícias e de consumirem a sua informação como se de um produto editorial se tratasse é um facto passível de reflexão.
No universo de vozes que se erigem propósito do avanço crescente do jornalismo participativo (outra das designações atribuídas ao “jornalismo do cidadão), Dan Gillmor é dos mais optimistas no que respeita aos Weblogs e ao fervilhar das páginas pessoais. Gillmor encara a emergência do “jornalismo do cidadão” como um aspecto positivo do choque entre o jornalismo e as novas tecnologias digitais, mais concretamente da Internet. Promove por isso a conciliação entre os media institucionalizados e os aspirantes a “self-made” journalists que ganham terreno a cada minuto. Na sua opinião, um jornalista é muito mais do que um licenciado em jornalismo, pelo que louva o trabalho de alguns amadores em relação ao de muitos jornalistas. Para Dan Gillmor, um profissional de comunicação hoje em dia chega a saber menos do que muitos dos leitores/telespectadores/ouvintes/internautas. Muitas vezes, quando um jornalista se depara com um acontecimento, já este foi tratado em alguns Weblogs, sob prismas e perspectivas em que não teria pensado. Exemplo disto poderá ser uma situação dada num determinado local onde alguém que a testemunhou a na sua página pessoal. O jornalista encontra ali a sua fonte, não como tradicionalmente a consideramos, mas de uma forma muito mais complexa, uma vez que, agora, o trabalho e a função da fonte começam a confundir-se com os do jornalista. É a tal quebra de barreiras supracitada que faz da Internet o mais democratizante dos meios de comunicação e, consequentemente, o mais complexo. Gillmor diz-nos que o jornalista serve o público e que, com a emergência do Jornalismo do cidadão, o segundo também serve o primeiro. Chega mesmo a pedir a opinião dos visitantes do seu Weblog sobre matérias em que está a trabalhar. (1) É quase como se através deste processo perigosamente lógico o jornalista passasse a ser encarado não como filtro da informação, mas como processador da mesma. O processo de Gatekeeping foge das mãos do jornalista e a ameaça das novas tecnologias associa-se à intervenção da audiência, outrora passiva, actualmente cada vez mais interventiva. Daí que alguns apocalípticos encarem o jornalismo do cidadão como o veneno que condenará o jornalismo tradicional à extinção.
Apesar de a problemática questão “Deverá o jornalismo exercido por cidadãos ser consiedrado jornalismo” se prender superficialmente com as principais diferenças entre a rotina editorial de um jornalista experiente e a audácia de um Weblogger decidido a fazer jornalismo pelas próprias mãos, o certo é que a difusão de publicações informativas geradas por vários internautas na mesma página online vem levantar novas questões sobre a própria definição do Jornalismo. Se encaramos a função do jornalista enquanto contador de estórias, repórter, do inglês “reporting”, então os Webloggers podem considerar-se jornalistas. Ainda assim, não sejamos ingénuos. O facto de se pder considerar alguns dos produtos publicados nos Weblogs como uma forma de jornalismo, amador ou não, não descarta a importância que os media institucionalizados continuam a desempenhar. É que, como acima referido, cada vez há uma maior reciprocidade entre o emissor e o receptor no processo de comunicação de massa, em muito impulsionada pelo novo meio, a Internet. Essa reciprocidade vem, contudo, reafirmar o papel dos media tradicionais que, por sua vez, vem dar razão a quem não se atreve a considerar jornalistas os intérpidos Webloggers, uma vez que na verdade os media tradicionais representam a principal fonte dos internautas responsáveis por publicações autónomas de carácter informativo. Quem partilha desta perspectiva é Paul Andrews, que afirma que “Though reportorial contributions have been made by the Web generation, it is fair to say the vast majority of blogging does not qualify as journalism.(…) Many blogs focus on narrow subject matter of interest to a select but circumscribed niche. And the blogs that do contain bona fide news are largely derivative, posting links to other blogs and, in many cases, print journalism. (…)Without the daily work of print journalists, one wonders if even the newsconscious blogs would contain any real news.” (2). Deste modo, Andrews aponta a principal lacuna dos Weblogs: a dependência das fontes informativas online, que na esmagadora maioria são os próprios media. O próprio refere ainda que “Assigned to do an investigative report on, say, police corruption, a typical blogger would not know where to begin. Calling a typical blogger a journalist is like calling anyone who takes a snapshot a photographer.”
A ausência da concretização de uma consciência corporativa, que foi o que fomentou o desenvolvimento dos mass media ao longo da história, parece ser a principal falha do jornalismo participativo. A grande vantagem que é estarem isentos da influência dos grandes media é ao mesmo tempo o que os impede de alcançar o estatuto de jornalistas, uma vez que, apesar de independentes, servem grupos específicos em torno dos quais criam e organizam os seus conteúdos. Fora do contexto local ou especializado em que se inserem, os Weblogs acabam por perder expressão. O carácter generalista dos media institucionalizados e a sua organização, que passa em muito pelo trabalho das agências e pela cooperação entre as próprias empresas jornalísticas, é o que lhes garante o lugar cimeiro no plano informativo e na comunicação de massas em geral.
Ainda que esta visão seja a que vai mais de encontro às minhas convicções no que respeita a esta matéria, não podemos descartar a influência e importância geral da crescente euforia dos Weblogs e sites dedicados ao jornalismo participativo. Até por um motivo muito simples: se um cidadão decide tentar fazer jornalismo pelas suas próprias mãos, é porque além de se achar apto para tal tarefa ( possibilitada pela vasta panóplia de tecnologias móveis e digitais), considera que pode mudar algo que não lhe agrada no modo como a informação é tratada. Os Weblogs, como já referido, tendem a assumir um carácter local, a adaptar-se a um determinado grupo de indivíduos que partilham um dado nº de interesses ou valores em comum. Disto são exemplo o Women’s eNews, um site de fins não lucrativos que procura captar novas vozes que não tinham possibilidade de se exprimir nas páginas dos media tradicionais online, cuja editora é Rita Jensey,e Kuro5hin, um site da autoria de Rusty Foster e que o próprio define como sendo “unique for those of you who haven't seen it. We're a news and opinion site that's written and edited democratically by all the readers. Anyone can submit a story, anyone can vote on submissions, and essentially the stories with the most votes are posted on the site. I don't pick the stories. everybody picks the stories. I like to call it collaborative media.” (1). Apesar de ambas as páginas conterem conteúdos de carácter informativo, ambas vão assumir perspectivas diferentes e abordar temáticas divergentes, em graus que variam consoante o vasto mosaico de participantes se vai estendendo e colaborando aleatoriamente. Por não diporem de uma estrutura sólida e organizada, estes “laboratórios jornalísticos” afastam-se do conceito de jornalismo edificado ao longo da história. No entanto, ao mesmo tempo, obrigam-no a actualizar-se e a reformular-se a si mesmo. O jornalismo do cidadão, mais do que uma ameaça ou uma farsa, deve ser encarado como uma séria tentativa de alguns cidadãos em tentar melhorar o meio mediático, relativamente ao qual ficam cada vez mais cépticos. Este cepticismo dos internautas face aos mass media deve-se muito ao parco aproveitamento dos recursos online que estes fazem, e também à fraca capacidade de adequação dos seus conteúdos ao meio digital, onde cada vez mais pessoas se movimentam e que possui caractrísticas específias às quais os restantes media não devem ser indifernetes. É por isso que J.D. Lasica reafirma o peso do papel desmpenhado pelos Webloggers nos dias de hoje. A seu ver, o jornalismo do cidadão, materializado através dos weblogs, tem mais validade do que a que os media tradicionais lhe emprestam. Segundo Lasica, os mass media tendem a desvalorizar as publicações online, mesmo estas constituindo uma importante fonte de informação. Chega mesmo a afirmar que “ journalism experts predict more couverage of breaking news will come from citizen reporters as photo and video-enabled phones become more obiquitous worldwide” (3), o que, aliado ao célebre exemplo do site sul-coreano OhMyNews, confirma a crescente expressão da participação dos cidadãos no processo informativo.
A juntar ao défice atribuído aos media tradicionais no que respeita ao tratamento dos conteúdos online, pode ainda considerar-se a crescente “corrupção” a que se assiste nos media institucionalizados. Nunca estes tiveram um público tão cognoscente e exigente. Actualmente, os grandes media, cada vez mais corporativos, vivem da esperança de que o público – ou públicos – se alimentem na fonte inexorável que deles brota a cada instante sem reclamações ou tempo par digerir, mas esquecem-se que a revolução já começou e o seu palco é a Internet. Online o público tem maior facilidade em comparar e segmentar a informação, em adaptá-la aos seus gostos e necessidades e em abordá-la livremente. A “ditadura mediática” é agora confrontada pela emergente “soberania da audiência”, que se faz valer das armas dos media institucionalizados para criar, a mote próprio, o seu jornal pessoal, livre de influências e perspectivas condicionadas. Pode-se considerar, então, o surgimeto do jornalismo feito por cidadãos e a sua grande disseminação como uma reacção à crescente passividade dos mass media em relação ao crescente fluxo informativo.
Uma vez assumindo a emergência do jornalismo participativo como fruto de uma lacuna dos media tradicionais, então, mais do que apontar falhas aos Webloggs ou questionar a sua credibilidade, impera avaliar qual a resposta que o jornalismo deve dar a este fenómeno, qual a lição a tirar deste conflito para seguir em frente rumo a um panorama informativo melhorado e verdadeiramente adaptado à tecnologia dominante, que, actualmente, será a Internet. Para tal, Paul Andrews sugere aos jornalistas que se envolvam eles próprios na febre dos Weblogs e que criem uma página pessoal taravés da qual possam estar em permanente contacto com o seu público. Andrews afirma que “blogs are transforming the ways in which journalism is practiced today and perhaps are giving impetus to new journalistic venues that have not yet clarified themselves (…) If bloggers can be journalists and blogs contain aspects of journalism, why
aren’t more journalists bloggers? “. (2)

A título conclusivo, Paul Andrews remata e eu limito-me a subescrever: “It might be that mass media of tomorrow will evolve further toward the blogging paradigm and journalism will expand from a centralized, top-down, one-way publication process to the many-hands, perpetual feedback loop of online communications. For now, to the extent that bloggers’ efforts prod journalists to be better at what they do, they are a valuable adjunct to—but not substitute for—quality journalism.” (2)

(3) http://www.nieman.harvard.edu/reports/03-3NRfall/70-74V57N3.pdf

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03 October 2006

Público em Revista


Dizer-se que o jornalismo online português deixa muito a desejar começa a tornar-se num cliché. Ainda assim, por muito gastas que já estejam as palavras, o facto é que deixa mesmo muito a desejar. O jornalismo online em Portugal já nasceu com barbas, que herdou da imprensa escrita. A lógica do "jornalismo de papel" passa impune para as páginas online. As potencialidades do campo informativo online continuam a ser ignoradas, os sites criados são encarados como meros depositários da imprensa escrita.


Este discurso revolucionário a roçar o repetido e repetitivo, o chato e o já sabido, serve de introdução à análise do Público online. Não significa por isso que vá bombardear o site com críticas. Apenas remeto para a já previsível conclusão...


O site do jornal Público foi recentemente reformulado. Um design mais atractivo e adequado ao meio online, bastante diferente do que conhecemos deste jornal impresso, é o principal factor a destacar deste "novo" Público. Além disso, podemos destacar uma navegabilidade mais simplificada e acessível, bem como uma razoável quantidade de links e temas. À primeira vista, o site quase merece um "satisfaz bastante".


À primeira vista, disse bem. De facto a navegabilidade e o design satisfazem bastante, mas o site, tal como a grande maioria dos sites portugueses, fica muito, mas muito além do alcançado pelos seus congéneres estrangeiros. A multimedialidade é uma distante miragem, uma vez que de vídeos e registos sonoros nem sinal. O site fica-se pelas imagens (poucas) e por um ou outro gráfico ilustrativo em temas como economia. Na minha óptica, o site adquire um carácter demasiado estático, bi-dimensional. Embora, como já referi, o design seja atractivo, após algum tempo de navegação todo o "fogo de vista" da primeira página revela-se uma ilusão "para inglês ver". A forma mudou, mas o conteúdo mantém-se. Não era esta a mudança esperada.


Apesar de, como já referido, o Público se ter limitado a alterar a forma, estando o conteúdo ainda muito longe do desejado, é de louvar o passo dado. Revela uma grande preocupação com a intercatividade, ao disponibilizar uma pluralidade de blogs, inquéritos, e ao pôr término ao sistema de assinaturas; atreve-se a copiar os grandes - ainda que só relativamente ao layout e ao design -, cujo exemplo poderá vir a seguir no que respeita à construção, contextualização e apresentação dos conteúdos, e ainda à recorrência a profissionais do ramo e à inclusão de meios audiovisuais no site.

Esta "mudança" foi um pequeno passo no enorme percurso que o jornalismo online português tem ainda que percorrer. E não ignoramos o carácter eminentemente comercial que lhe é inerente. A estratégia de marketing é quase óbvia, especialmente quando o site disponibiliza integralmente a versão impressa online. O Público quer converter os resistentes e conquistar os convertidos. Pode até conquistar os resistentes, mas dificilmente conseguirá enganar os convertidos ao jornalismo online de qualidade. Não enquanto não passar das mudanças no meramente estéticas para o que realmente interessa, que é a formulação e apresentação adequada dos conteúdos. Tendo isto em conta, resta-nos esperar que, mais uma vez, a publicidade e o marketing sejam os motores de uma mudança que a imprensa nacional se recusa a protagonizar.

A título conclusivo e sem me perder em divagações resta-me dizer que, tendo em conta o universo de jornais online nacionais, o Público apresenta, de facto, uma qualidade acima da média. Ainda assim não satisfaz. Pelo menos não quem consome jornalismo online de qualidade.


(Uma última ressalva: a presente crítica aplica-se ao universo de jornais online criados pela imprensa escrita. Sites como o Sic online e o da TSF, criados por media tão alheios ao meio imprensa como o são a televisão e a rádio, apresentam uma maior preocupação e cuidado na apresentação dos seus conteúdos online. Esta situação pode explicar-se por uma multiuplicidade de factores, mas ainda assim não perdoa o atraso que a imprensa portuguesa online teima em levar. )

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02 October 2006

Winners


E o vencedor é...?

Costuma-se dizer que o que é bom sempre acaba e este ano o que acabou foi a boa vida. Desta vez coube-nos fazer de jurí e eleger, na nossa ainda leiga opinião, um jornal online vencedor de entre os finalistas de várias categorias.


No que respeita à primeira, "General Excellence in Online Journalism", achei por bem premiar o site do USA Today. Tendo em conta os critérios de avaliação que nos serviram de base nesta tarefa - design, usabilidade, multimedialidade, interactividade, hipertextualidade -, este site é o que se revela mais completo, obtendo, em cada um dos critérios, uma classificação positiva, apesar de não ser especialmente brilhante em nenhum deles. Digamos que é o site mais coerente, o que melhor preenche a pluralidade de requisitos a que o submetemos para esta avaliação.

Para a segunda categoria, "Breaking News", elegi o Nola. Confesso que não explorei exaustivamente o conteúdo informativo, mas, de todos os finalistas desta categoria,destaco o Nola por ter conseguido distribuir um conteúdo informativo tão vasto de um modo tão cativante. Ao clicarmos num dado dia dos meses de Agosto, Setembro, Outubro e Novembro, temos acesso a notícias desse mesmo dia respeitantes ao Katrina - em edição online e em edição impressa. O site permite uma navegação orientada e até uma reconstrução cronológica dos factos. Não sobrecarrega visulamente o internauta e ao mesmo tempo põe ao seu dispor toda a informação sobre o tema. Penso que é de louvar a singularidade desta apresentação.

MSNBC foi o site que elegi para a terceira categoria, "Outstanding use of Multiple Media". Os motivos vão muito além da simples presença de registos de vídeo de 360º. No site MSNBC a informação é literalmente traduzida em imagens e som, e os diferentes meios (audio, vídeo e imagem) interagem entre si para nos dar um retrato fiel da passagem do Katrina por Nova Orleães. Enquanto os restantes sites tendem a utilizar os diferentes meios mais isoladamente ou, por assim dizer, de um modo mais rudimentar e simplista, o MSNBC vai muito além e orquestra-os com incrível mestria, mostrando como som, vídeo e imagem se podem tornar num todo indivisível para a fruição da informação.

Last, but not least, resta-me atribuir um vencedor para a categoria " Student Journalism". Chassing Crusue foi a minha escolha. Embora tenha apreciado muito a delicadeza do layout do The Ancient Way, o conteúdo do My Blue Eyed Girl e o profissionalismo e qualidade patentes na abordagem de Rezoned2006, Chassing Crusue é, no mínimo, apelativo. Embora o tema não seja por si só o mais interessante do ponto de vista jornalístico- nesse caso o prémio seria decididamente de Rezoned2006 -, a excelente qualidade gráfica do site valeu-lhe esta humilde vitória.

E pronto, são estes os meus vencedores. Agora só me resta aguardar e ver a quantas léguas fiquei da realidade...

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26 May 2006



Há coisas que nunca mudam...

Numa altura em que Portugal se disfarça de país cosmopolita - e como nós muitos outros -, com as senhoras a ler a Vogue e os senhores a desfolharem confortavelmente o Expresso nos cafés ao domingo, afirmando-se todos muito in, muito modernos, é de estranhar com há certa coisas que nunca mudam.

Neste erudito e vanguardista ambiente que se vive, não fica bem dizer que se é racista, contra a homossexualidade ou a vinda de emigrantes de Leste. No Portugal de ilusões é contraproducente ser intolerante, não nos fica bem no currículo social. Tentamos não olhar de soslaio a senhora senegalesa de longas tranças que nos pede informações ou o ucraniano que vemos à porta do Gabinetre de Apoio ao Emigrante. Escolhemos aceitar que dois homens - ou duas mulheres - se amem e, com jeitinho, até fingimos não reparar neles quando se beijam em público.

Até aqui tudo muito bem. E quando um casal homossexual decide celebrar o seu amor numa união para toda a vida? Os telhados de vidro quebram-se. Recuamos quarenta anos no tempo, franzimos gravemente o sobrolho e dizemos que a Igreja é sagrada, que o casamento é sagrado e que essa gente não tem nada que se casar porque isso não é normal.

E o que é normal? Jurarmos amor eterno e união para toda a vida num altar recheado de flores e divorciármo-nos no ano a seguir? É termos relações sexuais sem qualquer tipo de precaução e irmos parar `a Igreja para casar à pressa com o primeiro que aparecer? É normal vivermos iludidos e consumirmos relações à velocidade da luz para terminarmos sozinhos, infelizes, frustrados, lamentando nunca ter amado a sério?

Normal é que haja amor, compreensão e carinho. Que as pessoas se amem verdadeiramente e tenham o direito a celebrar eo maravilhoso sentimento que as une, sejam elas homossexuais, amarelas, azuis, o que queiram. Se toleramos que duas pessoas do mesmo sexo se amem, qual é o problema de quererem oficializar esse amor? A Igreja não deixa? Quem se quer casar numa instituição hipócrita, cujo ínico atractivo é o altar decorado com o santo padre da paróquia à cabeça? Mas que deixem os Governos.

Casem-se pelo civil, façam uma cerimónia tibetana, mas amem-se! Do que este país e, mais, este mundo precisam é de amor, não de juízos de valor ou opiniões ocas. O mundo precisa do amor que surge em múltiplas formas, todas elas bem-vindas.

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05 May 2006



Frida Kahlo

"Acreditavam que eu era surrealista, mas não o era. Nunca pintei meus sonhos. Pintei minha própria realidade “. São frases como esta que celebram a pintora mexicana. Quando exala o seu último suspiro, no ano de 1954 na Casa Azul, Frida despede-se de uma vida trágica, que perante a partida do seu corpo se eterniza nos seus quadros. A vida sempre se encarregara de a desiludir. Frida morre cansada, cansada das dores, das infidelidades do marido, dos inúmeros relacionamentos amorosos que manteve com diversas figuras públicas, da incapacidade de ter filhos. Apesar do álcool e dos medicamentos, quanto mais avança na vida menos o seu corpo tem vontade de continuar. O sofrimento de Frida é agudo, dividido entre um optimismo relapso e a negra consciência da infelicidade que a assola.

Quem a apelida de surrealista certamente não conhece o seu percurso difícil, o modo como a vida desde cedo se encarregou de a castrar, quer através de acidentes que a foram deformando, quer a través da fatalidade que foi o seu amor por Diego Rivera – eternizado como o amor entre a pomba e o elefante -, compreenderia que os quadros de Frida são a reprodução fiel da realidade que a atormente. Não se trata daexploração de um imaginário onírico, mas sim de uma interpretação dolorosa de uma realidade difícil.


A pomba cedo tenta voar. A poliomielite e um acidente com um autocarro roubam-lhe as asas, pelo que Frida descobre na pintura a arena perfeita para voar em segurança. Quando Diego a conquista, nem imagina o sofrimento que esse amor traria. As traições do elefante embrenham-na numa autêntica colecção de amantes, que Frida vai consumindo. A pintura continua a ser o espaço puro, alheio à poluição da vida. Os dois abortos que sofre durante a sua estadia nos E.U.A. provocam-lhe um desprezo por tudo e as saudades do México que celebra nos seus quadros.

O divórcio chega e Frida quase desespera, até que um ano depois, numa altura em que a morte já ensombra os seus quadros, o marido volta a propô-la em casamento. Diego sempre impedira Frida de se suicidar, receando talvez viver sem ela.


Diego e a clausura do seu corpo doente devem porventura ter ensombrado o seu pensamento na hora da partida. Quando a doença a prende à cama, a solidão faz a pomba perceber que o espelho da pintura foi tudo o teve na vida.
Mais do que um espaço de liberdade, a pintura representava a aguda consciência do eu, que porventura escapava a quem a via sorrir vibrante e inebriada na famosa exposição em que surge numa maca, para surpresa de todos. Mais do que pintar a sua realidade, Frida pintava-se a si própria.
A obra que legou ao mundo talvez permita um conhecimento tardio da mulher que vivia dentro da pintora.

Antes de morrer, Frida Kahlo, pintora mexicana nascida a 6 de Junho de 1907, que desde cedo apoiou causas revolucionárias e cuja pintura lhe legou o reconhecimento internacional ainda em vida, despede-se do mundo que prefer esquecer: “espero alegremente a saída – e espero nunca mais voltar”.



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Marcação de consultas pela Internet no Santa Maria

Já é possível, desde ontem, marcar consultas e alguns exames médicos no hospital Santa Maria através da Internet. Os utentes têm apenas de preencher um formulário electrónico no site do hospital (
www.hsm.min-saude.pt ), sendo a hora e data confirmadas via sms.

Este novo serviço, anunciado ontem pelo Minstro da Saúde, insere-se na recém-anunciada reforma do Estado (Simplex 2006) e deverá ser alargado a mais quatro hospitais até ao final do ano.Espera-se que permita gerir melhor as listas de espera e as vagas e aumentar a eficácia dos serviços do hospital.

A marcação electrónica de consultas e exames no Santa Maria poderá ser feita através dos centros de saúde (por enquanto apenas o de Loures e o de Alvalade) ou pelos próprios utentes. Até ao final do ano o modelko estender-se-á a oubtros quatro contros, beneficiando cerca de 360 mil utentes.

Os utilizadores do serviço podem escolher o período mais conveniente para a realização das consultas e exames, desde que o façam com um mínimo de 30 dias de antecedência. O Call-Center do hospital enviará depois uma sms a confirmar a existência de vagas, o dia e a hora, ao que o utente apenas tem de responder sim ou não.

Para quem não tiver telemóvel ou acesso à internet, mantém-se o sistema de marcação tradicional por fax ou telefone. O mesmo se aplica às especialidades que este serviço não cobre- por enquanto só está disponível para 18 especialidades clínicas.


Principais sites:

http://www.dgs.pt/
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MS/
http://www.acs.min-saude.pt/acs
http://www.mni.pt/destaques/





Blogues:
http://saudesa.blogspot.com/
http://raim.blogspot.com/
http://bibliotequices.blogspot.com/2006/03/simplex2006.html


Newsletters
http://www.mni.pt/newsletter/index.php

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Blogue: um blog, ou weblog pode ser definido como uma espécie de diário virtual. Trata-se de uma página pessoal, que pode ser criada por qualquer pessoa e lançada gratuitamente na Internet através de serviços como o Webblogger e outros. Nela constam registos do autor, que podem ir desde opiniões sobre determinados assuntos, até à publicação de notícias acompanhadas de comentários, etc.

A grande atracção dos blogs é o facto de permitirem a quem os visita deixar a sua opinião acerca da página. O blog é por isso uma página interactiva, permitindo ao dono do blog ( blogger) interagir com os visitantes da sua página.
Associado ao blog surge toda uma linguagem que lhe é comum: blogger, que é o autor do blog; posts, que são os textos que o autor vai publicando; taggboard, que é o local onde os visitantes podem deixar os seus comentários.

RSS: ou Really Simple Syndication, éuma tecnologia que permite aos utilizadores da Internet aceder rapidamente às actualizações realizadas em determinados sites, através de um outro programa denominado Feed. O RSS permite que, por exemplo, um site de notícias possa disponibilizar actualizações permanentes das novas manchetes aos seus leitores, sem que estes tenham de visitar o site para ter conhecimento delas: graças ao programa feed instalado no seu computador, cada utilizador recebe apenas as partes do site que foram actualizadas.


Para beneficiar do RSS é portanto necessário um programa chamado Feed (ou agregador), cuja função é a de reunir várias páginas habilitadas com RSS, escolhidas pelo utilizador. Graças a este programa, podemos receber no nosso computador actualizações de diferentes sites ( desde que providos de RSS). Este programa pode ser retirado gratuitamente da Internet, e o seu funcionamento assemelha-se ao de um leitor de e-mail.

WIKIS: é uma colecção/conjunto de páginas de web interligadas entre si através de uma linguagem muito simples, que além de poderem ser visitadas, como qualquer outra página da Web, podem ainda ser editadas pelos seus visitantes.

Exemplos de wikis são, por exemplo, as enciclopédias virtuais como a wikipédia: englobam inúmeras páginas, às quais se pode aceder através de um índice, ou através das muitas ligações existentes em cada página, que permitem uma navegação personalizada e não-linear. Além disso, é possível aos visitantes acrescentar directamente textos às páginas existentes, permitindo uma grande interactividade, a edição colectiva e a expansão permanente do site. Num wiki todos podem contribuir para a sua formação.

PODCASTING: é uma forma de publicação de programas de áudio, vídeo e fotos na Web que permite aos utilizadores estarem a par da sua actualização, pois dispõe do sistema RSS. Graças a este sistema, podemos ouvir a qualquer hora do dia o programa de rádio ou música favoritos a qualquer hora do dia, pois o computador descarrega-os automaticamente.

Os programas e arquivos gravados em formato digital (mp3, aac e ogg) são armazenados num servidor de Internet e, através do feed RSS as actualizações dos mesmos e novos programas são automaticamente enviados para os diversos utilizadores.

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