
Há coisas que nunca mudam...
Numa altura em que Portugal se disfarça de país cosmopolita - e como nós muitos outros -, com as senhoras a ler a Vogue e os senhores a desfolharem confortavelmente o Expresso nos cafés ao domingo, afirmando-se todos muito in, muito modernos, é de estranhar com há certa coisas que nunca mudam.
Neste erudito e vanguardista ambiente que se vive, não fica bem dizer que se é racista, contra a homossexualidade ou a vinda de emigrantes de Leste. No Portugal de ilusões é contraproducente ser intolerante, não nos fica bem no currículo social. Tentamos não olhar de soslaio a senhora senegalesa de longas tranças que nos pede informações ou o ucraniano que vemos à porta do Gabinetre de Apoio ao Emigrante. Escolhemos aceitar que dois homens - ou duas mulheres - se amem e, com jeitinho, até fingimos não reparar neles quando se beijam em público.
Até aqui tudo muito bem. E quando um casal homossexual decide celebrar o seu amor numa união para toda a vida? Os telhados de vidro quebram-se. Recuamos quarenta anos no tempo, franzimos gravemente o sobrolho e dizemos que a Igreja é sagrada, que o casamento é sagrado e que essa gente não tem nada que se casar porque isso não é normal.
E o que é normal? Jurarmos amor eterno e união para toda a vida num altar recheado de flores e divorciármo-nos no ano a seguir? É termos relações sexuais sem qualquer tipo de precaução e irmos parar `a Igreja para casar à pressa com o primeiro que aparecer? É normal vivermos iludidos e consumirmos relações à velocidade da luz para terminarmos sozinhos, infelizes, frustrados, lamentando nunca ter amado a sério?
Normal é que haja amor, compreensão e carinho. Que as pessoas se amem verdadeiramente e tenham o direito a celebrar eo maravilhoso sentimento que as une, sejam elas homossexuais, amarelas, azuis, o que queiram. Se toleramos que duas pessoas do mesmo sexo se amem, qual é o problema de quererem oficializar esse amor? A Igreja não deixa? Quem se quer casar numa instituição hipócrita, cujo ínico atractivo é o altar decorado com o santo padre da paróquia à cabeça? Mas que deixem os Governos.
Casem-se pelo civil, façam uma cerimónia tibetana, mas amem-se! Do que este país e, mais, este mundo precisam é de amor, não de juízos de valor ou opiniões ocas. O mundo precisa do amor que surge em múltiplas formas, todas elas bem-vindas.
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